domingo, novembro 20, 2005

Educação Sexual e "moral a martelo"
É claro, que a escola poderá informar e até formar sexualmente. Mas formar, do ponto de vista dos valores, é permitir a discussão de valores num clima de tolerância, aceitação e respeito pela opinião e escolha desses mesmos valores pelos outros. Ou seja, os únicos valores transmitidos pela escola estatal devem ser de carácter universal e indispensáveis a uma vivência social em democracia.
No entanto, o mais paradoxal é que no mesmo artigo a que me refiro, a pessoa que defende a impossibilidade da existência de educação sexual na escola é a mesma, que depois vem defender que esta só é possível na família e nas escolas da Igreja ou de outras escolas não estatais, pois estas, devem de facto, ter uma superioridade moral.
Conclusão: se, não fores católico obediente ás ideias impostas pela hierarquia da Santa Sé, não poderás usufruir da educação sexual nas escolas estatais, pois estas não têm superioridade moral para te formar. Conclusão: VIVA AO ESTADO LAICO ! É impressionante, como ninguém se pode assumir, em Portugal como laico, senão é logo chamado anti – clerical ou traidor, se além, de defensor da laicização do Estado também for Católico.
Eu que até, há pouco tempo pensava, ingenuamente, que a hierarquia católica era favorável à laicização do Estado. Porém, fiquei sem saber o que pensar, desde que assisti à recente problemática da obrigatoriedade da disciplina de Educação Moral Religião e Católica em Timor-leste e o silêncio conivente do Vaticano. Que razões estarão subjacentes a este silêncio ?Para concluir, faço aqui um apelo: assine o Manifesto a favor da Educação Sexual na delegação regional dos Açores da APF ou no nosso site em: www.apfacores.no.sapo.pt
PS: Este artigo tenciona responder ao incitamento público feito pelo cidadão Barcelos Mendes, no Jornal “A União” do passado dia 17 de Setembro, para que os pais e/ou encarregados de educação da nossa região assinassem a petição promovida pelo MOVE. Esta “famosa” petição iniciou-se aquando da divulgação de uma reportagem “escaldante” acerca do estado da Educação Sexual em Portugal pelo jornal “Expresso”. Esta reportagem foi considerada pela Alta Autoridade para a Comunicação Social, no passado dia 21 de Setembro de 2005, como sendo parcial e contendo elementos falsos e atentatórios da honorabilidade da APF. O “Expresso” terá também recusado publicar todos os comunicados feitos pela APF.
Por tudo isto, será que faz sentido assinar esta petição baseada em mentiras e divulgada pelo cidadão Barcelos Mendes ? Prefiro acreditar que este cidadão não conhecia a realidade.
Artigo publicado no jornal "A União" a 8 de Outubro de 2005