quarta-feira, novembro 02, 2005

Educação Sexual e Moralismo "a martelo"
A educação sexual em meio escolar em Portugal pretende ser muito mais do que um veiculo de transmissão de valores e de reprodução de ideias dogmáticas e impregnadas da moral de uma qualquer religião ou mesmo de alguma corrente ideológica. Infelizmente, há pessoas que querem “travar” os poucos progressos feitos nesta matéria em Portugal. São essencialmente, altas intelectualidades que se auto denominam: defensores e proprietários da moral e dos bons costumes. É por isso, incompreensível como em pleno século XXI se confunda moral com religião e como em Portugal se associa a moral ao catolicismo, fugindo-se assim ao próprio conceito de moral.Vivemos num país, em que aqueles que afirmam que a partir da fecundação de um óvulo estamos perante uma vida autónoma e que, por isso, não podemos tomar decisões em nome dessa mesma autonomia, sejam também aqueles que querem controlar e impor os seus próprios valores morais aos seus filhos(as) e aos(às) filhos(as) dos outros. São estas pessoas que não acreditam na ética profissional de técnicos ligados à saúde, à educação e às ciências sociais e humanas para formarem crianças e jovens. Estamos perante pensamentos e discursos que confundem “inocência” com “ignorância”, que confundem o corpo com a imoralidade e que vivem obsecados com os seus traumas e tabus e que involuntariamente, ou mesmo, em alguns casos, voluntariamente fazem questão de transmitir e reproduzir medos e visões distorcidas da sexualidade humana.
Continua... (artigo publicado no Jornal "A União" a 8 de Outubro de 2005)