quinta-feira, janeiro 11, 2007

Aborto Voluntário e Saúde Pública
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo menos 80.000 mulheres morrem por ano em consequência de complicações originadas pela prática de abortos clandestinos[i]. Aliás, a prática de aborto inseguro é uma das principais causas, a nível mundial, de morte materna (13%)[ii]. Mas, até neste contexto, as desigualdades sociais mantém-se, pois são as mulheres mais pobres que mais sofrem as consequências, por não terem condições financeiras para pagar um aborto mais seguro, mesmo que ilegal.

As consequências psicológicas são também muito mais danosas, quando o aborto é ilegal, deixando a mulher isolada e com receio de partilhar as suas preocupações com alguém, numa situação de tomada de decisão que é sempre difícil, havendo sempre o medo de vir a ser denunciada ou apontada socialmente, o que levará a uma maior propensão para o desenvolvimento de sentimentos de culpa. Por isso, as consequências psicológicas de um aborto ilegal são muito mais marcantes e crónicas. No entanto, não existem estudos que demonstrem qualquer correlação entre a prática de aborto legal e seguro com qualquer tipo de psicopatologia.

Considerando as única opções legais e sempre válidas, de dar o filho(a) para adopção ou de prosseguir uma gravidez indesejada. Qual seria o meu grau de liberdade para poder especular acerca de uma hipotética correlação entre enfrentar uma gravidez e os hipotéticos sentimentos ambivalentes da mãe biológica quando separada do filho(a) que é entregue para adopção e o desenvolvimento de distúrbio psicológico? Ou quais seriam as consequências psicológicas (individuais) e sociais de criar um filho(a) sem ter qualquer tipo de suporte familiar ou económico? Quem decide? Quem opta? A mãe? O Estado? Todos nós? Quem quer julgar uma mulher por ter tomado uma decisão, que é sempre difícil.

Uma das maiores ilusões criadas pelos Movimentos Anti - Escolha prende-se com a assunção da facilidade de opção por parte das mulheres. Tentam nos vender a ideia da mulher, que facilmente optará pelo aborto voluntário, quando este for disponibilizado de forma legal e segura durante as primeiras semanas.

E tu, acreditas em quem acredita em ti ou em quem parte do princípio que farás abortos a «torto e a direito»?

[i] World Health Organization, Unsafe Abortion: Global and regional estimates of incidence and mortality due to unsafe abortion, WHO/RHT/MSM/97. 16 (Geneva: WHO, 1998)
[ii] World Health Organization, Abortion: A Tabulation of Available Data on the Frequency and Mortality of Unsafe Abortion, 2nd ed., WHO/FHE/MSM/93. 12 (Geneva: WHO, 1994), p.8

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

muito bem!

E em relação ao aborto musical? o embrião musical é considerado música aos quantos compassos de gestação?

4:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

E que tal mais impostos para ajudar as mulheres que não têm condições para suportar um filho?
Veja os resultados e analise que fiz em relação a uma sondagem sobre o aborto:
http://ingrato.blogs.sapo.pt

4:28 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home