Das 2000 mulheres entrevistadas, cerca de 14,5% realizaram, pelo menos, um aborto ao longo da sua vida, o que extrapolando para o universo da população portuguesa, nos permite inferir que entre 346 000 e 363 000 mulheres já realizaram, pelo menos um aborto ao longo da vida (as prisões que teríamos de construir para albergar estas criminosas!). Aliás, no último ano, estima-se que, em Portugal, foram realizados, entre 17 260 a 18 000 abortos.
Outra conclusão retirada prende-se com a idade das mulheres que abortam (sim, as tais criminosas): têm entre os 17 e os 20 anos e entre os 25 e os 34 anos.
Bem, mas não pensem que estas mulheres realizam abortos por “desporto” tal como muitos defensores do “não” pregam aos “sete ventos” na eventualidade da proposta de alteração da lei, presente a referendo, vir a ser aprovada. Pois, além deste estudo concluir que a grande maioria destas mulheres realizaram um único aborto ao longo da sua vida, também tornou possível concluir que 72,7% destas mulheres fizeram-no até às 10 semanas e que 75,7% considerou a decisão “muitíssimo difícil” e “foi muito difícil”.
Será que estes resultados confirmam os receios e as «teorias conspirativas» dos defensores do “não” no próximo referendo? Preocupam-se imenso com os gastos a serem suportados pelos Sistema Nacional de Saúde (SNS) com os abortos. No entanto, não referem os gastos que o actual SNS despende ao tratar as mulheres que recorrem ao aborto ilegal e inseguro (provavelmente, por não terem dinheiro para se deslocarem a Espanha). O despropósito deste argumento está bem patente neste estudo, em que um terço das inqueridas declararam ter recorrido ao SNS para completar um aborto ilegal.
As «teorias conspirativas» são de tal magnitude que chegam a afirmar que a nova lei, se for aprovada, constituirá um contributo para a diminuição da taxa de natalidade, quando todos sabemos que as pessoas, só não engravidam, voluntariamente, por falta de condições financeiras, algo que surge nas conclusões deste estudo, quando observamos que as mulheres que já realizaram, pelo menos um aborto, declararam que o fizeram, por se considerarem muito jovens (17,8%) ou por não possuírem as condições económicas necessárias (14,1%). Por isso, é mais do que evidente que o problema da baixa natalidade é, essencialmente, económico e assim sendo, acaba por estar na origem de problemas sociais. Na prática e sendo frio, expliquem-me como é que alguém sustenta uma família quando aufere um único salário mínimo? Sim, porque para muitos defensores do “não”, o lugar da mulher é em casa a cuidar da prole!
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