segunda-feira, março 20, 2006

O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã sustenta que “não se pode isolar cada área do conhecimento”.“É preciso ter um a cultura global e, ao mesmo tempo, uma cultura mais específica sobre determinados assuntos” – preconiza o prelado.D. Tomaz Silva Nunes, mesmo reconhecendo que a disciplina ainda se apresenta num estado “muito embrionário”, sublinha que a transversalidade da educação da sexualidade “não pode resultar na desarticulação de perspectivas educativas através de excesso de informação em detrimento da formação”.Neste contexto, o Bispo Auxiliar de Lisboa faz votos para que a educação sexual não seja reduzida “à dimensão mais individual da vivência do prazer, onde os efeitos negativos sejam, por assim dizer, atenuados, pela prevenção”. Na mesma linha de raciocínio, D. Tomaz da Silva Nunes lamenta que os “efeitos negativos” mais sublinhados sejam as doenças sexualmente transmissíveis ou a gravidez indesejada, esquecendo que “há outros aspectos negativos da vivência da sexualidade numa perspectiva individualista”.O contributo da Igreja, seja nas aulas de Educação Moral e Religiosa Católica , seja na catequese, deve “partir da realidade que se vive”.“A educação da sexualidade faz-se, de forma espontânea, desde tenra idade, no contacto com a diferenciação sexual, e na própria convivência nas escolas” – reforça o raciocínio.Para além deste aspecto, é fundamental “a transmissão de conhecimentos”, em várias disciplinas. O prelado alerta, todavia, que é necessário “não ficar apenas nos domínios da espontaneidade e da informação”, sendo necessário “integrar a dimensão da sexualidade num projecto de vida”. Assim, um terceiro domínio seria “o testemunho das pessoas mais velhas, com vivências concretas”.De qualquer modo, D. Tomaz Silva Nunes salienta a importância de se definir uma “matriz de finalidades e objectivos” da disciplina que possa ser gerida pelas escolas.Dimensões da personalidadeA conferência “À flor da pele – Educação da Sexualidade”, promovida pelo Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Escolar e integrada na Semana Nacional da Disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica, também contará com a intervenção de Cristina Sá Carvalho.Em declarações ao nosso jornal, a psicóloga da Universidade Católica Portuguesa referiu que a sexualidade “é transversal a todas as dimensões da personalidade, desde a biológica a mais profundas”. Nesse sentido, é importante “abrir as propostas educativas a todas estas dimensões”, até porque está em causa o “desenvolvimento pleno da personalidade”.Neste processo, continuou Cristina Sá Carvalho, cabe um “papel activo e participativo das paróquias, escolas, famílias e grupos de jovens”.“Ainda há um grande trabalho pela frente e cabe aos cristãos, e a todas as pessoas de boa vontade, fazê-lo” – precisa.Refira-se, por outro lado, que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defendeu recentemente que o facto de a educação da sexualidade constituir uma componente do actual sistema de ensino básico e secundário, sustentada por legislação própria, “não pode conduzir à subalternização da família, nem impedir o direito de os pais não aceitarem determinados projectos ou acções por os considerarem desajustados em relação à perspectiva educativa que desejam para os filhos”. De acordo com a CEP, é tarefa fundamental do Estado “defender os direitos e deveres educativos dos pais e apoiar as instituições que os completem na responsabilidade da educação”.“Segundo o princípio da subsidiariedade, deve completar a tarefa e missão educativa dos pais, sem, todavia, contrariar os seus legítimos e justificados desejos, assim como, criar as estruturas indispensáveis, escolas ou outras instituições, na medida em que o bem comum o exigir”.Para a CEP, a educação da sexualidade deve basear-se nas “necessidades dos alunos”.“É destas que derivam as metas e objectivos, que se referem a um quadro de valores decorrente da noção de pessoa humana. Falhar na identificação dessas necessidades e alhear-se do referencial ético compromete totalmente o programa” – alerta a nota sobre a educação da sexualidade.Acresce, de acordo com a nota da CEP; é “imprescindível ter em conta que o desenvolvimento da sexualidade apresenta notáveis diferenças de ritmo, mesmo em indivíduos da mesma idade ou grupo, e que estas têm de ser respeitada”.“Não devem, por isso, antecipar-se informações, nem incentivar dúvidas ou dificuldades que o processo desenvolvimental ainda não proporcionou ou não aconselha. O respeito pelos alunos não permite a utilização de jogos e de outras estratégias, como o desempenho de papéis, que excitam a imaginação e exploram sensações de forma manipulatória, ferindo a sensibilidade e a dignidade dos alunos e não respeitando a sua intimidade e pudor. Tão pouco se poderão considerar como padrão, comportamentos evidenciados por minorias, tal como o que respeita às relações sexuais praticadas por adolescentes” – conclui o documento.
in "A União" 19 de Março de 2006
Não devemos antecipar as informações a dar aos jovens, nem incentivar dúvidas.

Já estou a ver o Zézinho a telefonar à CEP quando está prestes a ter uma relação mais carnal.

Utilizar metodologias mais activas em educação sexual é pernicioso, pois estamos a perverter as mentes inocentes dos jovens. Gosto da parte do “excitar a imaginação e exploram sensações de forma manipulatória.

Ridículo é pouco para descrever estas designadas orientações. No fundo, o que transparece destas orientações são três importantes conclusões e um sumário:

1º Nunca esclarecer as dúvidas dos jovens (ou adultos), pois nunca ficaremos a saber, quando é que é a altura certa para libertar estas informações que são tão confidenciais e perigosas. Pois, segundo a opinião do CEP, cada jovem (e adulto) tem as suas necessidades específicas.

2º O melhor é não trabalhar de forma activa, possíveis futuros comportamentos de risco, pois tal irá excitar a imaginação dos nossos jovens.

3º Só o Sr. Padre da paróquia mais próxima poderá libertar a melhor informação tal como a própria família (mas, o melhor mesmo é não falar em nada, pois tudo fica bem quando não se excita o raciocínio).

4º Sumário: O melhor é deixar tudo acontecer ao sabor da natureza e esperar pelos resultados e rezar, rezar, rezar e orar para que tudo acabe bem.

A noticia em caixa. Embora se encontre anexada à noticia principal não é protagonizada pelos mesmos intervenientes. As referidas sessões e workshops são orientados por mim, enquanto técnico da Delegação Regional da APF e alguns voluntários.
Cruzes Credo… que não me confundam com a CEP.