segunda-feira, outubro 31, 2005

Olhem só a pérola que encontrei por aí. Esta é uma análise nunca vista do casamento, numa altura em que a Igreja Católica, não sei bem porquê, teima em ter direitos exclusivos sobre o casamento. Pois, casamento que não é católico não é casamento, segundo algumas Mentes brilhantes deste país, supostamente laico.Bem, no que diz respeito ao artigo abaixo transcrito, parece ser da autoria de Allan Psicobyte.
"Sou completamente a favor da legalização do casamento entre católicos. Parece-me uma injustiça e um erro tentar impedi-lo. O catolicismo não é uma doença. Os católicos, pese embora que muitos não gostem do que lhes parece estranho, são pessoas normais e devem ter os mesmos direitos que os demais, como se fossem, por exemplo, informáticos ou homossexuais. Estou consciente de que muitos comportamentos e traços de carácter das pessoas católicas, como a sua atitude quase doente face ao sexo, podem parecer-nos estranhos. Sei que inclusivamente, por vezes se poderiam esgrimir argumentos de saúde pública, como a sua perigosa e deliberada recusa do preservativo. Sei também que muitos dos seus usos, como a exibição pública de imagens de torturados, podem incomodar algumas sensibilidades. Mas isto, além de ser mais uma imagem mediática do que uma realidade, não é razão para lhes impedir o exercício do matrimónio. Alguns poderiam argumentar que um casamento entre católicos não é um casamento real, porque para eles é um ritual e um preceito religioso ante o seu deus, em lugar da união entre duas pessoas.
Também, dado que os filhos fora do matrimónio são gravemente condenados pela igreja, alguns poderiam considerar que permitir que os católicos se casem incrementará o número de matrimónios por "o que se falará" ou pela simples busca de sexo [proibido fora do matrimónio pela sua religião], incrementando assim a violência doméstica e as famílias disfuncionais. Mas há-que recordar que isto não ocorre apenas nas famílias católicas e que, dado que não podemos meter-nos na cabeça dos outros, não devemos julgar as suas motivações. Por outro lado, o dizer-se que tal não é casamento e que deveria ter outra designação, não é mais que um modo um tanto ruim de desviar o debate para questões semânticas que não vêm ao caso: ainda que seja entre católicos, um casamento é um casamento, uma família é uma família.
E com esta alusão à família, passo a outro tema importante face ao qual, espero, a minha opinião não surja como demasiado radical: também sou a favor da legalização da adopção de crianças por católicos. Alguns se escandalizariam ante uma afirmação deste tipo. É provável que alguém responda com exclamações do tipo "Católicas adoptando crianças? Essas crianças correm um grave risco de virem a tornar-se católicos!" Vejo esse tipo de críticas e respondo: sim, bem, é certo que os filhos de católicos têm uma bem maior probabilidade de se tornarem católicos [ao contrário do que ocorre, por exemplo, na informática ou na homossexualidade], mas já argumentei acima que os católicos são pessoas como as outras.
Pesem embora as opiniões de alguns e os indícios, não há provas evidentes de que os pais católicos estejam pior preparados para educar um filho, nem de que o ambiente religiosamente enviesado de um lar católico seja uma influência negativa para a criança. Para além do mais, os tribunais de adopção julgam cada caso individualmente e é precisamente sua função determinar a idoneidade dos candidatos a pais. Definitivamente, e não obstante a opinião de alguns sectores, creio que deveria permitir-se também aos católicos tanto o matrimónio como a adopção. Exactamente como aos informáticos e aos homossexuais..."

quinta-feira, outubro 27, 2005

Após algumas conversas em tom de debate com colegas meus, senti que era necessário dar uma pequena explicação mais científica sobre o que é a Contracepção de Emergência, mais conhecida como Pílula do dia seguinte.

Portanto segundo as MulheresOnline:

A pílula de emergência, conhecida como a «pílula do dia seguinte», pode evitar uma gravidez não desejada, quando, por razões diversas, não foram usados outros métodos contraceptivos.

De acordo com estudos recentemente efectuados, em média, apenas 2% das mulheres que usaram esta pílula após uma relação sexual desprotegida ficam grávidas. As hipóteses de gravidez seriam 4 vezes maiores se a pílula de emergência não fosse usada e a sua eficácia é tanto maior quanto mais cedo for tomada.

Esta não é, porém, uma pílula abortiva, pois se a mulher estiver grávida a pílula torna-se completamente ineficaz, não produzindo quaisquer efeitos nocivos sobre o feto.

A pílula apenas pode impedir ou atrasar a ovulação (saída do óvulo do ovário da mulher), impedir a fertilização (encontro do óvulo com o espermatozóide) ou impedir a implantação de um ovo na parede do útero.

Não se conhecem contra-indicações ao uso da pílula de emergência, que pode entretanto, como efeitos secundários, provocar náuseas e vómitos e, por vezes, dores de cabeça, tonturas, tensão mamária, hemorragia vaginal.

A pílula de emergência é comercializada em Portugal desde 1999, podendo ser adquirida nas farmácias sem receita médica.

Falta dizer que não é necessário receita médica, basta pedir da marca certa, como Norlevo, por exemplo. Se o farmacêutivo recusar vender-te por qualquer razão (por seres menor, porque ele pensa que tem receita médica) não tenhas medo e dirige-te a outra farmácia onde estejam devidamente informados. Também poderás contactar com alguém da APF da tua região para falarem com o director da farmácia depois.

Continuem a visitar o blog! E se quiserem participar, não hesitem em mandar email.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Este blog pretende assumir-se como uma voz dos Direitos Sexuais e Reprodutivos nos Açores e é criado graças ao Encontro de Jovens em Colares promovido pela Associação para o Planeamento da Família para discussão da situação de temáticas ligadas à Saúde Sexual e Reprodutiva em Portugal e no Mundo.
Os três jovens açorianos presentes neste Encontro ao elaborarem o projecto "Não me Julgues" comprometeram-se a criar um espaço de discussão nos Açores. Uma discussão livre de julgamentos morais judaico cristãos.
Estes três jovens são: eu (Paulo, 26 anos, Psicólogo e Coordenador Regional dos Açores da APF), Rodrigo (Estudante do secundário, Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Pe. Jerónimo Emiliano de Andrade e voluntário da Delegação Regional dos Açores da APF) e a Carolina (22 anos e voluntária da Delegação Regional dos Açores da APF).
Este blog faz parte deste projecto. Além, da participação deste grupo através de colunas de opinião nos diversos jornais regionais, da constituição de uma rede de parcerias com outras instituições regionais, na organização de um ciclo de debates sobre a actual situação legal e social da IVG e na criação de um site de apoio a dúvidas na área da sexualidade.

Sejam Bem vindos a este espaço que também é vosso.