terça-feira, maio 30, 2006

Será que fui censurado?
“Censura, s.f. acto de censurar; cargo de censor; exame critico de obras literárias ou artísticas; poder do Estado de proibir ou restringir a livre manifestação do pensamento, oralmente ou por escrito, quando se supõe haver perigo de consequências violentas, que ponham em risco a ordem pública...” (Costa e Melo, 1997 p.376)

No passado dia 25 de Maio o jornal Diário Insular publicou o artigo de opinião da minha autoria, o qual tinha como título original “Desvarios de um padre”. Para minha surpresa, o título foi alterado para “Doença, disfunção...?”. O que teria acontecido?

Distraído como sou, pensei logo que ao enviar por correio electrónico teria provavelmente, por engano, apagado o título. Claro, que fui logo verificar e conclui que afinal, desta vez, não fui alvo da minha distracção. De seguida, telefonei para o chefe de Redacção do referido jornal. Agradeci a publicação do artigo mencionado, mas demonstrei a minha estranheza relativamente à alteração do título. A pessoa em questão pareceu estar tão surpreendida como eu. Perguntou-me logo qual era o título e lá recordei-o. Fui logo informado que iriam falar com o director acerca do sucedido.

Consegui, hoje, obter a tão esperada resposta. Falei novamente com o Chefe de Redacção que me disse que teria sido uma opção da redacção a alteração do título, pois o título original não reflectia o verdadeiro conteúdo do artigo ao centrar-se na pessoa, do padre, e não, no essencial, a homossexualidade. Eu fiquei extasiado, confuso e fiquei apático. Agradeci e despedi-me.

Nasci depois de 74, nunca fui censurado nem censurei, pelo menos conscientemente, ninguém. Por isso, coloco uma questão a todos os que viveram antes de 74 e que foram “oficialmente” censurados. Será que fui alvo de censura? Será que existe uma versão não censurada do artigo de opinião do Sr. Padre António Alves? (Quero crer que os dois jornais utilizam, mais ou menos, os mesmos critérios)

Em suma, pretendi chamar atenção do público para a verdade dos factos, de uma forma, mais ou menos pedagógica. Pois, o artigo de opinião da autoria do Sr. Padre António Alves discriminava as pessoas pela sua orientação sexual, o que constitui uma violação do Art. 13 da Constituição da República.
Caso se verifique a prática de censura do artigo por mim redigido, então estaremos perante a violação do Art. 37º e 38º, os quais ditam a Liberdade de Expressão e Informação e Liberdade de Imprensa e Meios de Comunicação Social respectivamente.

É interessante e triste verificar o número de artigos de opinião de carácter homofóbico e discriminatório que são publicados nos nossos dois jornais insulares. Será que as respectivas Redacções aceitariam a publicação de artigos de opinião de teor racista?

Deverei apresentar este caso ao Provedor de Justiça? Ou será mais fácil permanecer calado, não fazer ondas e continuar a assistir ao desenrolar das “carrolices”, “salsadas” e a ver as opiniões abjectas de um “Abominável homem das neves”?

PS: Pelo menos, até agora, “Os desvarios de um padre” ainda não foram publicados na “A União”, o jornal onde saiu o artigo do sr. Padre. Qual será a justificação?

sábado, maio 27, 2006

Afinal, não é só no Bangladesh

quinta-feira, maio 25, 2006

Artigo de resposta à opinião do Pe. António Alves.

Desvarios de um Padre

«Diz o roto ao nú…»

“Doença: (1) Alteração ou desvio do estado fisiológico numa ou em várias partes do corpo. (2) Conjunto de fenómenos que se verificam num organismo que sofre a acção de uma causa mórbida e reage contra ela.” (Gispert, 2003, p.63 in Dicionário de Psicologia)

“Disfunção: Deterioração ou perturbação do funcionamento de um órgão, sistema de órgãos, comportamento ou cognição. (…) Disfunção sexual, perturbação do desejo sexual e das alterações psicofisiológicas que caracterizam o ciclo da resposta sexual.” (Gispert, 2003, p.67 in Dicionário de Psicologia)


Fomos presenteados por mais uma “pérola” opinativa pseudo-cientifica de uma figura clerical da nossa comunidade, no jornal “A União” do dia 10 de Maio. Esta “pérola” mistura opinião pessoal e religiosa com factos, alegadamente, cientificos, pois descreve a homossexualidade, não como uma doença ou patologia, mas antes como uma disfunção.

Tendo em conta as definições dos conceitos acima apresentados e clarificados, chegamos facilmente à verdade dos factos cientificos. Se assim fosse, não havia espaço para grandes teorizações religiosas camufladas de rigor cientifico (com ou sem hermeneutica). Porém, nota-se uma teimosia irracional, por parte, do Sr. Padre António Alves em considerar a homossexualidade como anormal. Aliás, é curioso e quase singular, o duplo sentido demonstrado no seu discurso. Ora, vai rotulando a homossexualidade como anormal, desestruturante ou como uma disfunção; ora condena atitudes de desprezo e discriminação.

O discurso evidenciado, conhecendo os factos cientificos, é da natureza mais discriminatória possível comparável ao discurso racista: “Gosto de negros como gosto de brancos. Tanto aperto a mão a um branco como o pescoço a um negro”. Por isso, quero crer que o Sr. Padre António Alves não sabe que a homossexualidade não é definida como doença, anormalidade ou disfunção pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais (DSM IV), nem pelo Classificação Internacional das Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CIE-10), nem mesmo pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Sr. Padre António Alves, as únicas finalidades da sexualidade humana são a propagação da espécie e a “necessidade profunda de complementaridade entre homem e mulher e, naturalmente, de uma vida em comum”? Então, e o prazer?

Sr. Padre António Alves, as situações fora destes “parâmetros” degradam a função? Mas a função é só reprodutora? Então, a complementaridade é de sexos ou é de pessoas? E, mais uma vez, o prazer? Degrada o prazer? O prazer incomoda-lhe?

Querer chegar ao conceito de naturalidade de uma construção social, o que me parece impossível, através de analogias com o orgânico, não será falacioso e um exercício de má-fé? Claro que não há má fé, tal como nas disfunções orgânicas, ninguém é culpado.

Sr. Padre António Alves, ninguém lhe permite definir a homossexualidade como doença, anormalidade ou mesmo disfunção, pois está a entrar no domínio da Saúde Mental, mais concretamente de disciplinas cientificas como a Psiquiatria, Psicologia, Sexologia, etc... Se, por outro lado, quiser considerar a homossexualidade um pecado. Então, terá todo o direito para o fazer, pois a hierarquia católica é a estrutura “expert” em definir o que é e o que não é pecado. Mas, por favor, não confunda doença, disfunção, anormalidade com pecado, pois estará a misturar “alhos com bugalhos”.

Será que é mais politicamente correcto, para a Igreja, rotular a homossexualidade ou os comportamentos homossexuais como doença, anormalidade, deficiência ou disfunção do que pecado? Ou será, que o conceito de pecado já não «pega»?

Se, mesmo assim, teimar em divulgar opiniões religiosas banhadas em cientificidade (com ou sem hermeneutica). Então, pergunto-lhe: Considera normal, segundo a sua opinião, a vida de um sacerdote? Uma pessoa que não propaga a espécie, que não procura a complementaridade com uma mulher ou com um homem e, que naturalmente, não tem uma vida em comum. Será que ser sacerdote é uma disfunção? Se, assim for, decerto que nem devia lhe ter respondido, pois estarei a desprezá-lo e a descriminá-lo. Se, a heterossexualidade é onde se dá a atracção normal. Qual o alvo da atracção dos sacerdotes? Será que podemos falar em «teossexualidade»? Delírio mistíco? Não sei, não sou teólogo. Mas tendo em conta o seu argumentário pseudo-científico tal comportamento deveria ser considerado uma disfunção.

Cidadão António Alves também considera exagero o querer exibir ou manifestar as suas atitudes e opiniões pseudo-cientificas, de modo a perpetuar uma falsidade?

Cidadão António Alves, o que pretendi com esta minha humilde exposição, foi dar razão à Razão, pois penso que qualquer pessoa (homossexual, bissexual ou heterossexual) tem direito à vivência feliz da sua sexualidade quer com pessoas do sexo oposto, quer com pessoas do mesmo sexo.

As atitudes e comportamentos de alguns membros da classe clerical na nossa sociedade regulam-se por protagonismos pseudo-cientificos, vistos de modo geral, como inocentes, mas que podem assumir-se como graves, pois o tempo do padre da aldeia que fazia de médico e de psicólogo por não haver melhor por perto já terminou. Por outro lado, penso, que também, seria triste, o dia, em que algumas classes profissionais viessem a desejar “ensinar o Pai-nosso ao vigário”. Mas essas são «contas de outro rosário»

Paulo Mendes
http://naomejulgues.blogspot.com
Será publicado, se me deixarem, nos jornais: "Diário Insular" e "A União"

quarta-feira, maio 17, 2006

Eles e Elas vivem onde?
Acreditar que os preservativos tem buraquinhos, ou que os preservativos promovem a promiscuidade, ou ainda que a pessoas tenham relações sexuais somente para fins reprodutivos até é compreensível, atendendo aos delírios sócio históricos dos funcionários(as) deste Estado Monárquico Absolutista.

Mas surpresas das surpresas, eles e elas esperavam que os leigos acreditassem na mesma estória da carochinha.

segunda-feira, maio 15, 2006

Novidades da Colômbia e da Venezuela.

Na Colômbia foi aprovada uma nova lei sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). A anterior não permitia a IVG em nenhuma situação, mesmo que a vida da mãe estivesse em risco. É claro, que o famoso Estado Absolutista e Monárquico apoiava a 100% a anterior lei.
A nova legislação é semelhante à actual legislação em Portugal, mas, enquanto em Portugal a classe clerical parece satisfeita com a actual lei, na Colômbia, os mesmos funcionários do maior franchising religioso e politico do Mundo consideram a nova lei um retrocesso e uma barbaridade, defendendo que, mesmo estando a vida da mãe em perigo, esta deverá assumir o heroísmo de morrer pela vida ainda não nascida.
Em suma:

1º O conformismo clerical varia com o contexto de cada país.
2º A vida de uma mulher parece valer mais quando ainda estar por nascer.

Na Venezuela, vislumbra-se a alteração da legislação e afirma-se o acesso a contracepção, o que é visto como um conjunto de más noticias para aquele Estado Absolutista e Monárquico do tamanho de um cerrado para toiros e vacas cá na Terceira.

Agradeço imenso a atenção do Diário Ateísta.

sexta-feira, maio 12, 2006

De quem é o Casamento?
Há uns senhores de um Estado Absolutista que não gostaram da ideia do Parlamento Europeu ter aprovado uma Resolução contra a homofobia. Pois, tal Resolução é uma forma indirecta de pressionar os Estados Europeus a considerar a hipótese de permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Este Estado Absolutista crê piamente que o casamento é sua propriedade privada. E até podem ter a sua razão, no caso do casamento religioso, mas não sei porquê a preocupação em confundir casamento religioso com casamento civil. Então os Estados Europeus não são laicos? Será que o casamento civil é também propriedade privada deste Estado Absolutista?

segunda-feira, maio 08, 2006

Afinal...


Não somos assim tão anti-clericais.
14-5 ganhou o "não"
Porque será que ganhou o "não"?
E porque não, mais uma sondagem para apurar as razões da vitória do "não"?

sexta-feira, maio 05, 2006

Intimidades
Não percam o programa conduzido por duas voluntárias (Elisabete e Ângela) da Liga Portuguesa Contra a SIDA no Rádio Club de Angra.

Às Sextas-feiras, das 15:00 às 16:00.

Estive no programa desta semana. É na minha opinião, um belo programa. Muito bem estruturado e pertinente no nosso burgo angrense repleto de boas maneiras, moralidade e bons costumes.

Conclusão: É uma pedra no charco.

quinta-feira, maio 04, 2006

Isto é que são Mulheres em Acção

A contracepção de emergência, desde que foi colocada sob venda livre, tem dado sempre que falar. Ainda mais, para os grupos “anti-escolha”.
Agora, é a Associação “Mulheres em Acção” que colocou um providência cautelar à venda livre de contracepção de Emergência.

A Teté está cheia de força.

É claro que o uso da contracepção de emergência aumentou. Aliás, não existe outra possibilidade, senão aumentar. Pois, se é um medicamento que entrou no mercado há poucos anos e que está sendo divulgado. É impossível não se registar um aumento do consumo. Em suma, só há consumo a partir da altura em que há oferta.

Fazendo um desenho:

A Aspirina registou um aumento do consumo depois de ter sido inventada, colocada no mercado e divulgada.

O Viagra registou um aumento de consumo desde 1999. Não é? Porque será?

Teté, o que se segue?

Uma providência cautelar para retirar qualquer tipo de contraceptivo "artificial" do Serviço Nacional de Saúde?

terça-feira, maio 02, 2006


Mas que “mal menor” é este?







Um casal heterossexual, em que, pelo menos um, é seropositivo. Então, segundo o ICAR, é considerado um “mal menor” a utilização de preservativo.

Custa-me imenso compreender, o porquê da mediatização desta “cedência” do ICAR à utilização do preservativo.

Resumindo e concluindo há duas conclusões interessantes a tirar de tudo isto:

1ª Um casal heterossexual que queira planear o número de filhos e quando os deseja ter, continua a não obter “permissão” do ICAR para utilizar o preservativo como contraceptivo;

O cardeal Trujillo não poderá continuar a proclamar a ineficácia total “científica” do preservativo na prevenção do contágio pelo VIH.

Lá se vai a justificação pseudo científica do ICAR para justificar a condenação da utilização do preservativo.

E eu que pensava, que um eventual “mal menor” seria “fechar os olhos” à utilização preservativo enquanto meio de prevenção. Devo ser mesmo muito ingénuo.