O método usado para a sondagem, a amostra, e os moldes em que foi feita são desconhecidos, mas não deixa de ser interessante, não acham?
sexta-feira, dezembro 30, 2005
quinta-feira, dezembro 29, 2005
A sua pesquisa foi financiada pela UNIFEM e conclui que a Igreja Católica Brasileira tem agido acima da lei, escondendo os casos de violência sexual dentro da Igreja, silenciando as vitimas e encobrindo os agressores.
Os resultados foram amplamente divulgados e é claro que para surpresa de muitos, mas sem qualquer surpresa para alguns, a Sra. Regina Jurkewicz recebeu uma carta de despedimento do Instituto em que trabalhou durante oito anos.
Justificação para o despedimento: divergência de opiniões.
Mais um caso típico da síndrome católico: “o problema está na sociedade. Nós somos religiosos e ainda por cima católicos, por isso, somos imunes a tudo isso. Aliás, somos infalíveis. Para quê autocrítica ?”
Pérola das pérolas é a carta de despedimento. Vejam só:
Notificação enviada dia 30 de Junho de 2005
S.Paulo 21 de Junho de 2005
Tal decisão se dá pelo fato de que esta instituição, embora assegurando a sua liberdade de pensamento, não aceita e não concorda com os mesmos, resultando assim, em um impasse insolúvel.
Prof. Pe Edmar Antonio de Jesus – Diretor do Corpo Docente
domingo, dezembro 25, 2005
Foi morta pelo progenitor, quando visitou a casa paterna e enquanto dor mia.
Li esta notícia no site da RTP há pouco e obviamente, fiquei revoltado. Até pensei em dizer que é intolerável tamanho desrespeito pelos direitos humanos, mas depois, lembrei-me da ocupação do Iraque, das minas antipessoais, da fome em África, etc.
Este é, apesar do sofrimento a que leva, um problema cuja solução é das chamadas "menos prioritárias". Infelizmente, porque penso que as lutas podem ser paralelas e simultâneas.
De qualquer modo, esta questão fez-me lembrar dum livro que li há bem pouco tempo, "Nem Putas nem Submissas". O livro tenta descrever a experiência do movimento feminista nos subúrbios franceses, contra o autoritarismo macho. Fadela Amara, líder do movimento e Presidente da Federação Nacional das "Maisons des Potes" relata alguns casos de jovens adolescentes que são enviadas para o país de origem da família, geralmente magrebina. Este é o castigo para quem desrespeita a norma estabelecida de que a mulher é inferior.
Enfim... sugiro o livro a todos.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Padres homossexuais contra directiva do Vaticano
Cinquenta padres de «tendência homossexual» denunciaram hoje numa carta aberta ao Vaticano a directiva aprovada pelo Papa Bento XVI que interdita a ordenação de seminaristas homossexuais.
Estes padres, que se dizem obrigados ao anonimato, afirmam-se «profundamente magoados» com a directiva, nomeadamente com as suspeitas de pedofilia que ela faz recair sobre os homossexuais.
«A nossa homossexualidade nunca foi um obstáculo a uma boa relação com os homens e as mulheres, como afirma o documento», refere a missiva.
«Estamos profundamente magoados com essa afirmação completamente gratuita», acrescentam, descrevendo-se como os «filhos abandonados e não amados de uma Igreja a que prometeram fidelidade e amor».
A carta aberta, dirigida ao signatário da directiva, o cardeal Zenon Grocholewsky, prefeito da congregação para a Educação Católica, foi publicada hoje no site da Internet www.gaysnews.it.
Os signatários da carta aberta sublinham que não têm mais problemas do que os heterossexuais para viver em castidade, conforme é exigido aos padres.
«Não somos doentes sexuais e a nossa tendência homossexual não afecta a nossa saúde psíquica, nem os nossos valores morais e humanos», referem também no documento.
O Vaticano publicou no passado 29 de Novembro o documento, aprovado a 31 de Agosto pelo papa Bento XVI, pede aos bispos de todo o mundo para não ordenarem padres ou diáconos os seminaristas que mantenham práticas homossexuais, apresentem tendências homossexuais enraizadas, ou apoiem a «cultura gay».
Surpreendeu-me esta notícia. Ainda bem que estes 50 padres tiveram coragem de levantar a voz contra a instituição católica. O que continua a me espantar é que os católicos que conheço não pensam assim, mas nem por isso se sentem suficientemente incomodados pelas posições retrógradas, anti-democráticas e sobretudo, castrantes da liberdade de cada um, para protestar, para mudar de igreja, sei lá.
Enfim..
quarta-feira, dezembro 07, 2005

Harare, Zimbábue, 1 de Dezembro 2005 - Num acto de barbaridade excessiva a Polícia da República do Zimbábue compareceu na marcha do Dia Mundial da de luta contra a Sida, de quinta-feira, e ordenou que os manifestantes dispersassem. Enquanto esta noticia foi publicada, na página do Indymedia Central, cinco dos organizadores dos protestos ainda estavam sobre custódia policial desde o meio-dia. Estes são Munyaradzi Gwisai da Organização Internacional dos Socialistas, Mao Nyikadzino (Assembléia Constitucional Nacional), Sostain Moyo (Ativistas do Zimbábue Contra a Sida), e Anna e Gladys da Rede de Apoio para Mulheres e Sida (WASN).
A triste ironia é que a polícia tinha dado autorização para a marcha do Dia Mundial da Sida e para a reunião na Africa Unity Square para após uma volta dizer que o acto não poderia continuar, e pior, ainda prender certas pessoas. Isso é claramente uma forma de promover uma armadilha e levar as pessoas a ela.
O sucesso da acção é muito inspirador. Centenas de pessoas marcharam nas ruas de Harare cantando e erguendo faixas por mais de meia hora. Pessoas levavam faixas que pediam acesso aos anti-retrovirais(ARV) e demandas da "Acção Contra a Pobreza". Estas incluíam salário digno para os trabalhadores, gasolina, disponibilidade de absorventes, leite em pó para bébés e redução dos impostos. O povo pedia também transparência na arrecadação de fundos contra a Sida, para o qual os trabalhadores contribuem dolorosamente. Fundos estes que são muitas vezes saqueados por burocratas que se emcontram no poder. Houve também uma presença significativa de activistas da Assembleia Constitucional Nacional(NCA) pedindo uma nova constituição conduzida pelo povo.
Advogados pertencentes à "Advogados do Zimbábue Pelos Direitos Humanos" estão ocupados na libertação dos companheiros detidos. Nós pedimos a todas/os que bombardeiem a delegacão de polícia com telefonemas e faxes exigindo a libertação dos que se encontram sob custódia policial.
Pergunto-vos: cabe na cabeça de alguém impedir a realização de uma marcha contra a SIDA?
Não, óbvio que nunca imaginamos isso, aqui do lado dos ricos. Mas vemos que afinal, nos países africanos pobres, devastados pela doença, os governos continuam a ter atitudes destas, completamente autistas e desfazadas da realidade.
Felizmente, parece que graças à pressão interna e externa, os activistas que tinham sido presos, já foram libertados.
Esperam-se melhores dias para a luta contra a SIDA..
terça-feira, dezembro 06, 2005
Perante este clima homofóbico só me questiono, onde se encontram os ideais cristãos de amor pelo próximo e tolerância ? Talvez, algures no Vaticano. Que venha o Santo Padre para ensinar estes ideais, que parecem esquecidos na Polónia (e não só…).
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Está cada vez mais difícil fazer humor com a realidade ridícula do Vaticano e do seu chefe de Estado, o Papa Bento XVI. Mas para mal dos nossos pecados, o Nuno Markl consegue dar a volta, senão, vejam só:

Eu vou desde já avisar que me preparo para abordar assuntos delicados nesta edição do HÁ VIDA EM MARKL. Por isso, malta que gosta de me cair em cima, escuteiros, pupilos do exército, amigos de Pimpinha Jardim, fiquem atentos e, se quiserem, tomem notas. Porque isto é o tipo de coisa ideal para vocês irem depois comentar para o meu blog. Eu dou-vos tempo para irem buscar um bloco de notas e um lápis número dois, vá. Eu espero.
Hummm. Pom, pom, pom…Preparados?
Quem é amigo, quem é? Quem é que vos dá tempo para estarem atentos e tomarem notas?
Sou eu.
Ora bem. Bento XVI. Bento XVI está para o anterior papa, João Paulo II, um pouco como aqueles policias mais duros das séries de televisão estão para os policias mais simpáticos e compreensivos. Se o Vaticano fosse uma série policial, Bento XVI era o policia que atirava mesas e cadeiras pelo ar e falava muito perto da cara do suspeito que estava a ser interrogado, e João Paulo II teria sido aquele policia mais paciente e calmo, sentado à mesa em frente ao suspeito a tentar convencê-lo a fazer um acordo.
Com a morte do “good cop” João Paulo II, ficou Bento XVI, o “bad cop” no seu lugar. O que quer dizer que, neste momento, estão a voar cadeiras e mesas e os suspeitos de homossexualidade estão a sentir Ratzinger gritar-lhes a um centímetro da cara deles.Já se sabia que o papa, quando ainda era o Cardeal Ratzinger – antes, portanto, de beber a poção mágica que o transformaria em Bento XVI - o papa era um feroz anti-gay. Como é óbvio, uma das prioridades de Bento, no Vaticano, foi tratar deste assunto com particular força.Se só agora ligou a telefonia, quando dizemos que “uma das prioridades de Bento, no Vaticano, foi tratar da questão dos homossexuais”, não nos estamos a referir a Bento, o clássico guarda-redes do Benfica nas décadas de 70 e 80, mas sim de Bento XVI, o super-herói cuja identidade secreta é o tímido e discreto Cardeal Joseph Ratzinger. Que se saiba, o antigo guarda-redes do Benfica, Bento, não terá estado no Vaticano a não ser, vamos lá, de férias – e, que se saiba, não tem como prioridade fazer a vida negra aos homossexuais.
Voltando ao relatório do Vaticano, ele diz, basicamente, que homossexuais, homens com tendências homossexuais e aqueles que apoiem a cultura gay não vão poder ser ordenados. Eu acho que eles cobriram, de facto, bastantes áreas. Temos portanto, os homossexuais; aqueles que, não sendo, dão uns ares; e aqueles que não sendo, apoiam os homossexuais. Acho que talvez o Vaticano pudesse ter juntado aqui mais malta, pelo sim pelo não, para ficar mesmo com tudo coberto: aqueles que, não sendo nem apoiando, vestiram-se pelo menos uma vez de mulher numa peça da escola, mesmo que tivessem apenas cinco anos de idade; aqueles que não sendo nem apoiando dirigiram uma vez a palavra a um tipo que era homossexual, independentemente de saberem se ele era ou não; aqueles que, não tendo dirigido nunca a palavra a um homossexual, estiveram numa mesma sala com um ou mais homossexuais; e, talvez ainda, aqueles que residem numa cidade onde haja homossexuais. Mas pronto, talvez eles tivessem algum receio que deixasse de haver diáconos, e por isso algumas destas categorias foram – penso que com alguma pena de alguns elementos do Vaticano – postas de lado.Assim temos estas três áreas proibidas. Pessoas que sejam homossexuais, que tenham tendências homossexuais e apoiem a cultura gay, estão proibidas de ser ordenadas na Igreja Católica. Estão proibidas disso e creio que também deverão estar proibidas de apertarem a mão ao Papa Bento XVI, se o encontrarem na rua, sem que primeiro sejam submetidas a uma desinfecção.O que vale é que o Vaticano quer passar uma imagem moderna, a imagem de quem sabe que o mundo de hoje não é preto e branco, mas tem toda uma miríade de cambiantes que devem ser tidas em conta. A dada altura do documento eles fazem questão de diferenciar as pessoas que têm tendências homossexuais profundamente enraizadas e as pessoas em que a homossexualidade tem a expressão de um problema transitório. Tipo as constipações. Esses têm de ser respeitados. Aquela malta que anda mal agasalhada, de repente apanha uma corrente de ar e já está: “Olha! Tu queres ver que eu gosto de homens? Eu sabia que devia ter trazido hoje outro casaco”. Esses são aqueles que, pelo que me é dado entender pelo documento do Vaticano, devem depois tomar um xarope qualquer e aquilo acaba por passar.Outra passagem deste documento que me parece importante é a que diz que quem pretende ser ordenado diácono tem claramente, e passo a citar, “que ultrapassar estas tendências pelo menos três anos antes de chegar a este estágio”. Eu gostava que o Vaticano me dissesse como é que esta situação é fiscalizada. Porque uma coisa é um diácono dizer “OK, pessoal, há três anos que não sou gay”; a outra é a verdade dos factos. É que se depois eu me vou confessar um dia a um padre e ele me diz qualquer coisa como “você tem uns olhos lindíssimos”, eu acho que isto é inadmissível. Se isto, um dia, me acontece, eu vou logo queixar-me à DECO.
Que tipo de testes são feitos a um homem que quer ser diácono e que diz que durante três anos se fez um homenzinho e nunca mais pensou em homossexualidade? A minha teoria sobre isto é que eles devem expor o candidato a diácono a discos dos Village People e da Gloria Gaynor. Aqueles que não conseguirem resistir e que desatem a dançar, são logo expulsos. Mas atenção, que aqueles que ficarem quietos na cadeira mas que forem apanhados a dar ao pezinho, a acompanhar o ritmo, essa malta também tem de ir logo fora. Agora que penso nisso, isto dava um bom “reality show”. Uma coisa tipo ÍDOLOS. DIÁCONOS! “Olá, bem vindos a mais uma emissão do DIÁCONOS… Vamos conhecer os finalistas…”Uma coisa que me apoquenta é o seguinte: a igreja católica é composta, na sua maioria, por pessoas calmas, respeitadoras, ouvintes de Phil Collins, ouvintes também de quem? De Elton John. Escutemos isto…(ELTON JOHN, CANDLE IN THE WIND)Cá está. Eis a subversiva e terrível obra de um homossexual. Que, curiosamente, até passa, em Portugal, em estações de rádio da Igreja. Estações de rádio que fazem questão de passar a música que acham que os seus ouvintes devem ouvir. Ora se estamos a falar de rádios da Igreja, elas são rádios ouvidas, certamente, por muitos jovens candidatos a diáconos. Se é isto que acham que eles gostam de ouvir e se eles gostam de ouvir isto, eles gostam de ouvir a obra de um homem que está prestes a casar com outro homem. Se eles gostam de ouvir isto, gostam de ouvir algo criado por homossexuais, são até capazes de comprar os discos do Elton John… Logo, estão a apoiar a – como é que dizia o documento do Vaticano? – ah, é isso: estão a apoiar a cultura homossexual. Então em que é que ficamos? A vida, às vezes, pode ser bem tramada.
Aproveito para agradecer o envio desta "pérola" à Sra. (estou a tentar... Alice... estou a tentar...) Alice.